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domingo, 25 de abril de 2010

Dicionário da Língua Brasileira de Sinais


Lídia da Silva

A chamada Lei de Libras foi aprovada em 2002 no Brasil. Para que tal feita se desse em nossa nação, houve grande mobilização social e cientifica com o objetivo de demonstrar às instâncias políticas o valor linguístico da comunicação dos surdos. O resultado de uma dessas mobilizações acadêmicas foi o Dicionário Enciclopédico Ilustrado Trilíngue da Língua de Sinais Brasileira, de Fernando César Capovilla e Walkíria Duarte Raphael, com ilustrações de Silvana Marques (São Paulo: USP/Imprensa Oficial do Estado, 2001, v. 1: sinais de A a L. 832 p.; v. 2: sinais de M a Z. 771 p.).
Essa obra é bastante vasta, haja vista constituir-se de dois volumes, contemplou a grande maioria dos vocábulos (palavras) existentes na Língua Brasileira de Sinais e foi publicada em mais dois idiomas: o português e o inglês. Além disso, a extensão de seus dois volumes se justifica pela natureza descritivo-explicativa que Capovilla e Raphael deram à obra. Há, ao final do segundo volume, alguns textos sobre metodologias de educação voltadas para os surdos (oralismo, comunicação total e bilinguismo) e sobre tecnologias da educação de surdos (sign writting, buscca sign e signo fone).

O dicionário está organizado da seguinte forma: 1) apresentação do verbete em português; 2) ilustração; 3) sign writting e descrição dos parâmetros para produção do sinal na Língua de Sinais; 4) definição da palavra (e emprego de sinônimos) e classificação gramatical do termo e 5) exemplo funcional do verbete em uma frase em português e em inglês.

Assim, ao adquirir a obra de Capovilla e Raphael, além de ter acesso à produção linguística da Libras — e daí ser capaz de produzi-la da melhor forma possível —, o leitor tem a possibilidade de estabelecer um diálogo teórico com perspectivas de Educação de surdos e com estudos lingüísticos relacionados à Língua de Sinais, razão pela qual os autores disponibilizam, ao final do segundo volume, uma extensa lista de referenciais bibliográficos, que se constituem em boas fontes de pesquisa a quem se interessar pelo assunto.

O leitor também tem a oportunidade de conhecer uma metodologia de ensino da Língua de Sinais, pois os autores empregam a forma escrita desse sistema de representação — o sign writting — para ensiná-la ao seu público-alvo: ouvintes conhecedores do português. Além disso, Capovilla e Raphael enfatizam, de modo recorrente, a importância dessa ferramenta para o ensino da Língua Brasileira de Sinais também às crianças surdas, considerando a dificuldade que elas têm de aprender uma língua alfabética, como o português.

Portanto, essa obra — identificada como dicionário — vem recheada de ricas informações. É um material muito bonito e preparado por um grupo de pesquisadores que, em interação com os surdos, buscou uma regularidade na produção dos sinais e é dedicado a todos os profissionais que desejam proporcionar um ensino de qualidade às crianças surdas.

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